26 de agosto de 2006

Cegueira

Thiago Kalu


Os olhos nunca mentem. No máximo, enganam. Minha única certeza é que o medo imperaria se não confiássemos tanto nos olhos. Não sei se os cegos têm medos. As vozes mentem e, no momento, ouço vozes que me trazem um prazer constante oriundo do meu suicídio paulatino. O tempo é um dos meus maiores amigos. Talvez esteja doente, e isso dói. Dói muito. Talvez eu carregue em meu peito, até meus últimos instantes, a visível lembrança de uma das mulheres que pude amar por alguns momentos (minutos ou infinitos). O sorriso é a excepcional esperança de uma saída sem dor (minto estupidamente). Não quero mais sentir as verdades que os olhares me entregam como se eu fosse um gigante. Sou fraco. Todos pensam o inverso. Mas isso não tem importância. Sofro, derreto, morro (aos poucos e sempre). Meu sangue só pulsa por poucas palavras pausadas. Tudo pensado para pedir lembranças inválidas.