31 de janeiro de 2011

À Rosa da Praia

Thiago Kalu

Sinto-me estranho;
Inofensivo frente aos teus olhos,
Mas vejo meu riso aumentar de tamanho
- e gosto.

Sinto-me estranho e risonho;
Tentado a dizer o que quero,
Pensando naquilo que ainda não tenho
- teu gosto.

Sinto-me estranho, risonho e perplexo;
Se posso apostar num romance sem nexo
- eu aposto.

Sinto-me estranho, risonho, perplexo e pronto;
Entre toda a paisagem, apetece-me um ponto
- teu rosto.

O Furor da Necessidade

Thiago Kalu

Se eu fosse um pouco mais sonolento,
Não seria sargento
Das forças armadas.

Se eu fosse um tantinho mais displicente
Não seria tenente
Das forças armadas.

Se eu tivesse olhado à frente, analisado
E vencido o furor da necessidade -
Pra falar a verdade –
Eu nem era soldado.

Dispensava todo o risco
E venderia marisco
No litoral da Bahia.

Siri, camarão e guaiamum
(Até enlatado vencido de atum)
E teria alegria.

Mas sou de uma Força Armada -
da Marinha, para ser específico -
E hoje desbravo o pacífico
Com uma saudade danada
De tudo e de nada.