30 de dezembro de 2015

O Resto é Bobagem

Seus olhares pervertidos,
seus instantes perversos,
seus instintos gentis...
Poesia nos gestos.

Uma carta de ardor
escrita ao molho pardo
na janela de barro.

Córregos lambuzados pela pele lambida.
Mítico tratado lingüístico.
Gosto de mar.
Gosto de amor.
Desejo e sabor.

A vida é mesmo uma viagem.
Dirija seus atos,
que o gesto é bagagem.

21 de dezembro de 2015

In Off

De repente

o ar da cidade tem gosto
de repelente

e eu aposto
que só quem não sente
é o frentista do posto.



16 de dezembro de 2015

Toco

Pinto
palavras em pausa
pra lhe encher de saliva,
silêncios virgulares
no leito da leitura ativa.

Meus versos tem gula de fala.

Meus poemas tem mãos livres.

Eu escrevo com a boca

e você goza
sobre a minha
oralidade.

9 de dezembro de 2015

Devaneio

Todo delírio
tem um dê
de divino.

Transcender é ter ânsia
de ancestralidade,

é reconfigurar a existência
e estreitar os elos da percepção,
da emoção e da coletividade,

é fritar o pudor com escama e tudo.

Quem devaneia escala os limites da sensibilidade
e semeia outros usos
às habilidades já adquiridas.

O insano
é o maior
dos careticidas.