Thiago Kalu
Trazem o desfrute do salário extra,
O gasto com a festa
E a necessária renovação dos mitos
Menos castos que seus custos.
Vivas a essa euforia tutti-fruttiana -
Que a publicidade acaricia
Com as mãos do pastor e a face da hiena -
Fazendo nevar no Rio e na Bahia;
Colorindo toda a inconsciência plena
Com pincéis terrenos e telas mundanas.
Relutante -
Ao ver teu gosto posto à prova -,
O parente mais distante
Sente conscientemente
Que o carinho se renova,
Caso inove no presente.
Então, os familiares reunidos
Bailam sobre o teto escolhido
E celebram o nascimento
Do menino das ovelhas.
Se os Parabéns fossem cantados,
Seria, no mínimo, engraçado
Esperar que o vento estivesse atento
E apagasse tantas velas.
Mas não há velas nem palmas;
Nem há fotos com o aniversariante.
Basta-lhe a fé de milhares de almas
E a fé sempre vale
A risada amarela do comerciante.
O grande legado do Cristianismo
São os longos feriados,
Mas quem trabalha nos supermercados
Nem sequer reconhece os domingos.
5 comentários:
ÊA, fio!!! muito bom... já não estou mais sentindo falta de algo ácido neste Natal - pura verdade, por cima da pele de cordeiro que eles andam usando.
Já que não sou católico: feliz final de ano pra ti!!!
Bjao,
Marinho
Felomenal mermão.
Muito boa. Vou enviar pra mala direta dos funcionários do Bompreço e da Perini.
Edinho
Muito bom!
Acidez e sutileza,
ambos em prol da Poesia! rs
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