Na juventude,
fui um jovem de atitude;
hoje, na maturidade,
um idoso sem idade.
Na minha longa trilha,
aprendi que fervilhar
é ferver a ervilha
e que lentilha
não é comida de velho.
Enxerguei mil maravilhas
na sorte do baralho,
nos amores da novela
e na terapia do novelo;
em ter a pia e a navalha,
que desliza e arranca
minha lisa barba branca,
onde a espuma se espalha
e apruma cada falha
encontrada na carranca
repelida pelo espelho.
Após o atrito da toalha
tricotada pela velha,
o franzir de sobrancelha
do meu riso me consola.
Enquanto me olho,
a memória mergulha
- entre tralhas e entulhos -
numa velha redondilha
que escrevi a minha filha:
Sabedoria é saber que a dor doía
E entender que qualquer dia
Quase toda dor se esvai
E a saudade se desvia,
Mesmo quando a chuva cai
Numa triste melodia.
Deus que me valha!
Será que o tempo
armou alguma armadilha
ou será que nem eu mesmo
escutei o meu conselho?
6 comentários:
Havia uma postagem anônima!
Não há mais, pois não tem jeito:
Para ter voz,
é necessário ter peito.
Gostei que menciona certas coisas que só a maturidade nos ensina. Ainda há de se descobrir que sapiência é a ciência dos sapos e psicopata é uma ave aquática com a mente superdesenvolvida...
hahaha! sapiente,Pedrão! boa! hehe!
muito, muito boom mesmo!!
gostei dessa toalha, tricotada por Amália.. serviu até mortalha.. pendurada na muralha... que cercava MARACANGALHA.. a a protegia de uma gente canalha!!
"Sabedoria é saber que a dor doía
E entender que qualquer dia
Quase toda dor se esvai
E a saudade se desvia,
Mesmo quando a chuva cai
Numa triste melodia."
Simplesmente lindo. Estava precisando ler, sentir e viver isto hoje. Obrigada!
Sucesso
ps: Tive o prazer de prestigiar você e o Ray ontem no 2 a 2. Foi nada menos que maravilhoso!
Muito obrigado pelas palavras, Íldima. Bom saber que te tocou. beijo!
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