20 de junho de 2016

Cíclica

A insônia se frutifica
pelo samba e pelo amor
e pela química.

Dízima

Quanto tempo faz
que as horas não importam mais?

Há quantos risos que não nos vimos?
Há quantos beijos que não nos demos?
Há quantas histórias que não nos contamos?
Há quantos jejuns que não nos comemos?
Há quantas canções que não nos amamos?
Há quantas questões que não respondemos?
Há quantos problemas que nós não lidamos?
Há quanto de nós nos pés desta estrada?

E quantos nós ainda temos?


Limpeza

Reflito
estarrecido.
Arrefeço.

Refaço
o que há de mal feito.

Reviso a lida.
Dispenso as dissonâncias. Retiro excessos
compasso a compasso.
Pauso.

Reflito.

Escrevo um verso de amor no espelho
com meu dedo sangrento.

Espero exausto.
Exaspero.

Meu sangue seca.
O verso estanca.

Adormeço no chão do banheiro
e tenho sonhos limpos.

Latindo Moderno

Os Ministro do Supremo
usa uns termo
tão sinistro
que além de soar esquisito
até eles mermo
fica se mordeno

de dentro do terno.

A Cena

Os políticos
são os atores brasileiros que
mais tem lucros com a dramaturgia,

embora façam um uso tão sujo do palco,
envenenem o encanto da cena,
apodreçam os frutos do ato,
furtem a arte
descaracterizem a técnica
escancarem um novo caráter
de seu personagem
a cada fala
e raramente entrem em cartaz
nos finais de semana.

O congresso nacional
é o maior teatro deste país
e ainda assim não merece
ter seu nome grafado
em letras maiúsculas.

Não Neste Texto Honesto!
Não Nesta Poesia de Luta!
Não Neste Verso de Luto!