28 de novembro de 2009

O Próprio Improviso

Thiago Kalu

O sino acaba o sono.
A cena remete à sina.
Cachaça relaxa
A queixa, a chacina.

O toque precede o choque
A prece nos cede o transe.
O charme, o alarme,
Um hobby, um rock.

O fone ameniza o fonema,
A fama de Osama,
A boca de Obama,
O beco e o baque,
Com beque pro ataque.

Juruna e Jurema:
O santo sotaque.
O próprio improviso,
O guincho e o guichê,
O lixo clichê,

O nicho em destaque.

29 de julho de 2009

Lembrete de Geladeira

Thiago Kalu

Estou farto dos meus excessos,
dos passos em falso,
dos rastros que eu deixo,
das voltas no tempo,
das perdas de espaço,
do álcool, do fumo e do resto.
Enjoei das mulheres que deito,
Cansado de ouvir que não presto.

Já que o alcance da verdade
tem andado tão distante
E, o motivo da existência,
se mostrado inexistente,
De amanhã em diante, serei vivo,
Simplesmente...
Irremediavelmente pleno de felicidade.

Chega de olhares sérios

Como chagas incuráveis,

De mistérios permanentes

Para mentes permeáveis.

2 de março de 2009

Trabalho de Desenho

Thiago Kalu

Navegue pelas cores:
Branco, roxo, verde...
Pinte-me com sede
Ou ceda-me seus mares;
Beba-me nos bares,
Passe-me suas dores.

Pinte-me contigo
Em risco tão concreto.
Case-nos sem teto,
Mas com lua, véu e uvas
Borde um guarda-chuva
E crie nosso abrigo.

Faça-nos um quadro
E sopre um movimento.
Pinte-nos ao vento
Num momento bom.
Deite-me Drummond,
Vista-me amado.

Seja Gabriela.
Monte a moldura,
Pendure-a na parede.
Invente uma assinatura
E junte nossas redes
Numa mesma tela.