20 de dezembro de 2010
O Grande Legado
8 de dezembro de 2010
Apenas Isto
3 de dezembro de 2010
Inspiração
Nem nos versos que escrevo marcando o compasso.
Ele transborda no tempo e no ar,
Criando raízes no meu respirar.
É mistura de samba, de salsa e de tango.
É um sonho de valsa do tamanho do mundo.
E, se for mesmo sonho, eu quero um sono profundo.
Mas todo odor ao meu redor,
Leva-o em tua carne distante
18 de novembro de 2010
Sossegue
Thiago Kalu
Espere,
Que o tempo tempera o amargo da perda.
Aqueça-se só - por uns dias - e tente dormir.
O fato é que a folha no chão nem sempre está seca
E o vento se torna vilão a quem vê-la cair.
O coração é um terreno baldio
E a traição é o primeiro desvio
Para a desconstrução...
Na rescisão de contrato dos planos a dois
Tu sentes no tato que ela se foi
E deixou solidão.
Se for chorar, deságue...
Se conseguir,
Sossegue.
Se ela ligar, atenda.
Se ela sumir,
Entenda.18 de outubro de 2010
Dois Sorrisos
Thiago Kalu
Entre o amor de Carolina
E o corpo de Fernanda,
Eu me deito na varanda,
Frente ao mar de Amaralina.
Uma gosta de ciranda;
Outra é quase bailarina.
Uma pede, outra manda -
E a noite não termina.
Ali, no meio das duas,
Eu me realizo,
Aliso as pernas das moças
E perco o juízo.
Mas são sempre dois sorrisos...
22 de setembro de 2010
26 de maio de 2010
A Pedra no Centro da História
meninos levavam nos bolsos
um punhado de pedras pesadas.
Eram tempos estúpidos
de cartões postais distorcidos
com seus casarões invadidos
por pedras levadas.
A cada arremesso,
um moleque travesso
soltava uma risada daquelas
e achava bom ver janelas
e portas fechadas
abertas por belas vidraças quebradas.
Sentavam na escadaria da igreja da praça
e olhavam o bonde passar
fazendo fumaça
calmamente por cima dos trilhos.
Encostavam a cabeça
no chão da calçada,
deitavam sem pressa
e dormiam tranquilos
debaixo dos anjos
- meninos de pedra -,
crianças sagradas...
Hoje, nas mesmas ruas pedregosas,
meninos um tanto maiores
carregam consigo pedrinhas menores
e mais perigosas.
Por discrição,
evitam andar em bandos
e, já que não há mais o bonde,
com o cigarro aceso na mão,
fazem, eles mesmos, a própria fumaça
e fingem olhar para os carros.
Já não deitam perto dos anjos –
assustadoras estátuas.
Talvez, a culpa seja da pedra
ou da própria história da pátria.
23 de março de 2010
Jogatina Humana
Ainda não aprendi a lidar com as possibilidades,
Com as incertezas que a fartura de opções cria e, por vezes, perpetua.
Dinheiro ou tempo?
Mar ou mato?
Vivo ou morto?
Reto ou torto?
Fora ou dentro?
Borda ou centro?
Noite ou dia?
Vinho ou chá?
Uva, pêra, mangaba ou cajá?
Júlia, Marta, Camila ou Maria?
Já não me basta atender aos instintos,
Gritos pavorosos – desesperados – da carne,
E esbarram em poucas partes do corpo.
Ando visivelmente abalado pelos contra-tempos
Que, insistentemente, vêm na hora errada.
Não que eu planeje nada
Ou faça investimentos.
Tudo - em mim – são pensamentos.
As ilusões são fartas;
As multidões são muitas.
Esconderam as melhores cartas,
Mas todos parecem desatentos:
O colecionador de formigas,
O jogador de futebol da Nigéria,
O dono da boca,
O treinador de focas,
A professora de história baiana,
O construtor da via férrea.
Todas as peças se movem como num jogo de tabuleiro.
Escapo ao risco de ver meus dados
Pelo jogo inteiro
Nas mãos de um só Deus,
Por mais que o manual da jogatina humana
Assegure o mal a toda alma profana
- dos pagãos, dos agnósticos e dos ateus.
Ai, mundo nosso composto de nadas,
Dá-nos, hoje, um conto de fadas