26 de outubro de 2011

Rebarba de um Velho

Na juventude,
fui um jovem de atitude;
hoje, na maturidade,
um idoso sem idade.

Na minha longa trilha,
aprendi que fervilhar
é ferver a ervilha
e que lentilha
não é comida de velho.

Enxerguei mil maravilhas
na sorte do baralho,
nos amores da novela
e na terapia do novelo;

em ter a pia e a navalha,
que desliza e arranca
minha lisa barba branca,
onde a espuma se espalha

e apruma cada falha
encontrada na carranca
repelida pelo espelho.

Após o atrito da toalha
tricotada pela velha,
o franzir de sobrancelha
do meu riso me consola.

Enquanto me olho,
a memória mergulha
- entre tralhas e entulhos -
numa velha redondilha
que escrevi a minha filha:

Sabedoria é saber que a dor doía
E entender que qualquer dia
Quase toda dor se esvai
E a saudade se desvia,
Mesmo quando a chuva cai
Numa triste melodia.

Deus que me valha!
Será que o tempo
armou alguma armadilha
ou será que nem eu mesmo
escutei o meu conselho?

6 comentários:

Thiago Kalu disse...

Havia uma postagem anônima!
Não há mais, pois não tem jeito:
Para ter voz,
é necessário ter peito.

Pedro Paula disse...

Gostei que menciona certas coisas que só a maturidade nos ensina. Ainda há de se descobrir que sapiência é a ciência dos sapos e psicopata é uma ave aquática com a mente superdesenvolvida...

Thiago Kalu disse...

hahaha! sapiente,Pedrão! boa! hehe!

Anônimo disse...

muito, muito boom mesmo!!
gostei dessa toalha, tricotada por Amália.. serviu até mortalha.. pendurada na muralha... que cercava MARACANGALHA.. a a protegia de uma gente canalha!!

il.li disse...

"Sabedoria é saber que a dor doía
E entender que qualquer dia
Quase toda dor se esvai
E a saudade se desvia,
Mesmo quando a chuva cai
Numa triste melodia."

Simplesmente lindo. Estava precisando ler, sentir e viver isto hoje. Obrigada!

Sucesso

ps: Tive o prazer de prestigiar você e o Ray ontem no 2 a 2. Foi nada menos que maravilhoso!

Thiago Kalu disse...

Muito obrigado pelas palavras, Íldima. Bom saber que te tocou. beijo!